O POETA E O PALHAÇO

O palhaço e o poeta são anjos do entroncamento.

Habitantes do portal que se chama prelúdio do além.

O palhaço, nos faz rir das nossas próprias mazelas.

O Poeta também, mas a lágrima é o seu condimento.

O palhaço é a loucura admirável, a vida sem pano.

O poeta, a sabedoria palatável, os acordes do piano.

É uma tarefa difícil separá-los em seu âmago.

Assim, em rima, reza a sabedoria popular que:

"De poeta e louco, todos nós temos um pouco".

E ao perder essa graça, instala-se o desânimo.

Esses anjos trabalham com ferramentas diversas.

Um, a saber, o palhaço, é um contador de histórias,

O qual apresenta versões de mundos admiráveis.

E nos ensina a olhar sem máscaras e às avessas.

O outro, o poeta, explora sentimentos mui profundos.

Passeia pelas palavras, pois entende a alma e a letra.

Preso a elas permite o de melhor e pior dos mundos.

Apaga o Sol e a Lua, toca o coração, testa o planeta.

Sintetiza a sabedoria, para comermos o mingau.

Ás vezes usa a rima e usa o verso como seta.

Em outras, deixa o espírito solto ao seu gagau.

Mas, todo poeta é um sábio, profeta e exegeta.

No fundo, o palhaço também é um poeta.

E o poeta é o palhaço que busca o choro.

Não para trazer sofrimento em sua escrita.

Mas alertar do inútil viver sem cor e inodoro.

Portanto, o riso e o choro, são chaves do paraíso.

O palhaço dá o exemplo e o poeta ensina isso.

Só pode almejar o céu, quem viveu intensamente.

Pois se assim não for, pra que viver eternamente?

Kleber Versares
Enviado por Kleber Versares em 28/04/2017
Reeditado em 25/07/2021
Código do texto: T5984031
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