Poeticamente

O que seria de mim no mundo frio e sem sentido?

Basta-me o ar, o tédio, o silêncio do tempo perdido.

A vida é faísca que acende a minha subjetividade.

Pois quem poeta é, não vive, rima a realidade.

Muitos ainda dormem e não se rendem à arte.

Nem todos possuem uma natural sensibilidade.

Eu vivo poetisando a vida, antes dela me rimar.

Eu vivo fugindo do real ao minhas dores narrar.

Não é fácil. Não é, simplesmente, tão normal.

Em verdade, interpretar o mundo é algo surreal.

E você que está aí pode, a mim, indagar.

O que seria o normal? O que é sonhar?

Filosofar a vida não é a arte de quem está louco ou delirando.

É o sentido mais belo a seguir, racionalmente, pensando.

Não faço poesias, pois elas já estão em mim.

Quem é poesia não se esforça, só a deixa vir.

Eu vivo de hipérbatos, de estrofes, de versos rimados.

Eu vivo de anáforas, de histórias reais, de dias narrados.

Eu vivo de metalinguística, ao falar de poesia na poesia.

De hipérboles, de metáforas, compondo em sincronia.

Eu vivo poeticamente pensando, poeticamente andando, poeticamente sentindo...

Eu vivo poeticamente olhando, poeticamente sonhando, poeticamente dormindo.

Maísa C. Lobo 24.04.2018, às 23:13h.