Quarto sem janelas

Você acha que sabe alguma coisa

Até que role ladeira abaixo

Com mãos, pés e alma atados

Grunhindo uma melodia desastrada

E se você fosse um poeta

Já teriam arrancado seus dentes

E sua voz sairia murcha

Como uma fruta apodrecendo

Ou um retalho de seda amassado

Esquecido num canto qualquer

De um quarto sem janelas

Ainda veria a centelha da vida

Extinguir-se sem remédio

Só com palavras e mais nada

Não poderia salvar seu corpo

Nem seu espírito e muito menos

Compensar possíveis perdas

João Barros
Enviado por João Barros em 25/07/2018
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