QUEM SABE
QUEM SABE
Quem sabe mente o poeta que se desdobra
na dor de quem pensava ausente.
Quem sabe demonstra no silêncio do olhar distante
o centro do centro vazio que é o ser de toda gente.
Quem sabe omite o saber perene
no sentido de erguer-se novamente.
Quem sabe levantará prontamente
a mesma extravagância autêntica.
Quem sabe o fiel descrente
esmiúça dos séculos o certo
e na moenda do tédio infértil
coze as horas vazias incertas.
Quem sabe o poeta de si cobra
nas duras dobras do fazer inglório
a perfeita obra e em dobro sofre
o padecer ingrato que soçobra.
Quem sabe responda, escreva preencha esvazia,
quem pergunta sabe-se prenhe e grave e crente?
*
*
Baltazar Gonçalves