QUEM SABE
Quem sabe mente o poeta que se desdobra
na dor de quem pensava ausente.
Quem sabe demonstra no silêncio do olhar distante
o centro do centro vazio que é o ser de toda gente.
Quem sabe omite o saber perene
do nonsense erguer-se novamente.
Quem sabe levantará prontamente
a mesma extravagância autêntica.
Quem sabe o fiel descrente
esmiúça o certo dos séculos
e na moenda do tédio infértil
coze horas vazias incertas.
Quem sabe o poeta de si cobra
nas duras dobras do fazer inglório
a perfeita obra e em dobro sofre
o padecer ingrato que soçobra.
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Baltazar Gonçalves