Sub specie aeternitatis

Esta imagem que entrevejo no poema, alguém já a teve;

Alguém decerto já traçou na argila, no parco pergaminho

A pedra, o minério, a matéria inexata em que defino

Aquilo que o silêncio ainda detém.

Imagino o poeta de casaca em sua província

Entrevejo o aventureiro no deserto em que definha

Com a pena no tinteiro e as unhas na areia

A esperar o poema que não vem.

Depois contemplo a lentidão mudada em geografia

No papel logo amassado e na areia indistinta

Estas orlas arredias que hoje eu vejo:

A imagem, a música, a ideia consabida

Que nos negaceia a visão do poema e nos anima

De uma seiva febril que nos unifica

E nos vence também.

Rodrigo C Pereira
Enviado por Rodrigo C Pereira em 23/08/2019
Código do texto: T6727495
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