VIAGEM AMOROSA NA LINHA DO TEMPO

De início amei talvez na volúpia

Com que Zeus amara suas devotas.

Fiz-me touro, fagulha que te tisne,

Fiz amor imbuído de ser cisne.

Seguiu-se tempo de ser aquilo e seu oposto,

O amor me elevava e levava ao fundo do poço.

Então, ao som de flautas, pastoreei

E por pastoras fiz poemas que semeei.

Arde-me agora ao peito dor de amor,

Ó Flor de Lótus, dá-me teus lábios,

Confirma-me teu papel, papel de flor,

Porque somente de amor eu gosto.

Teu corpo agora como vaso em porcelana,

Minh'alma adverte-me de tuas formas.

Importa a tessitura sedosa vinda a mim da China,

Posto que de resto tudo corrobora erro e me engana.

Importa som e o modelo que o adorna.

Tens amor bacante, trago -te o de ervas finas.

Minha goela estufada por tu, sapa !

Coaxo elegante( e sem hiatos!) no brejo

Avesso às azucrinações vindas lá do Tejo:

Porei, enfim, o meu Brasil no mapa.

Amor teci

Cantos tantos.

Queimei-me em ti

Tostados prantos

Dedico este poema à brilhante poetisa Maria Ventania, pois inspirei-me na sua obra O Mundo, uma excepcional prosa poética que muito me impressionou.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 09/02/2020
Reeditado em 10/02/2020
Código do texto: T6862093
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