POLENS DE POETA - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros.

POLENS DE POETA - Luiz Gilberto de Barros - Luiz Poeta.

Espeleólogos, rebusquem-me nos fósseis

de quaisquer polens abissais das profundezas,

talvez me encontrem... com esses seus olhares dóceis,

entre as ruínas de suas próprias naturezas.

Olhem os ossos, paletós ou crânios mortos

e haverão de ver somente alguns resquícios

de esqueletos, como navios sem portos,

qual velhos frascos inodoros... sem os vícios.

E alguns anímicos sinais de quem eu fui -

Que sonho flui dentro das lentes da ciência?

... que é tão precisa e tão formal... e quem intui

essa tão vã e tão descrente onisciência ?

Se ornitólogos fossem, vocês, certamente,

encontrariam, na caverna visitada ,

uma possível andorinha inocente,

fazendo um ninho numa fenda abandonada.

E me veriam nesse espírito feliz,

sem precisar buscar restos fossilizados,

pois é na essência que se aprende que a raiz

às vezes nasce dos brotos não semeados.

Vamos, procurem-me, sem pinças ou cinzéis

numa gaveta preservada dos cupins,

e é bem provável que me encontrem em papéis

com manuscritos rascunhados e afins,

...em livros rotos, em papéis

com conteúdos

inacabados, malnarrados, mal escritos,

para algum nerd que análise esses... estudos,

ressuscitar o que disseram meus conflitos.

Isto sou eu!... é minha essência... meu começo,

meu arremesso inicial para o destino,

enquanto um corpo fez de mim, meu próprio avesso,

o meu acerto sempre foi bem cristalino.

Por isso, vejam minhas folhas digitadas,

mas não esqueçam minha datilografia,

pois minhas obras mesmo aquelas rasuradas,

são minha alma transformada em poesia.

Ao descobrirem minha sensibilidade,

perceberão, que embora pó,

meu sentimento,

tão abissal, ama viver em liberdade

e espalha polens... de poeta... pelo vento.

Às 20h e 07min do dia 19 de novembro de 2022 do Rio de Janeiro, Brasil. Publicacado e Registrado no Recanto das Letras.