Um Dia Desses
Fiz uma poesia maluca
Que tão logo eu a pari
Ela deu um grito e saiu por aí,
Sorridente, nua e descalça
Pelas ruas e avenidas da cidade
A conhecer os transeuntes e os poetas,
Que moram e trabalham debaixo das marquises
O carteiro, o sorveteiro, o almoxarife
O barbeiro, o açougueiro e a meretriz
Uma vez, pensei ter visto aquela doida
De vestido chá e rosa choque de cetim
Flor enfeitando o cabelo desgrenhado
E atrás dela corri, mas era só Alice
E tive um surto de saudade
Fiquei na praça, sentado
Os anos foram passando
E eles sempre passam
A praça ficou vazia
Nunca mais eu a vi
MARCANTE, Alexandre.
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