“Por vezes a vitória também é dos últimos”…

Ouvi uma frase parecida com esta quando era garoto, mas achei a frase absurda, porque para mim quem perdia, perdia e não existia nem honra nem glória na derrota, em ficar em último simplesmente porque se perdia…

Nem por acaso, dai a algum tempo corri no final de um ano lectivo uma mini-maratona. Tinha 11 anos, e corri não porque gostasse de o fazer, mas porque quase todos os meus colegas o iriam fazer.

Na altura era pequeno e nada dado ao desporto, sendo que parti sem expectativas ou objectivos alguns que não fosse acabar essa corrida.

Logo no começo fiquei para trás, toda a gente me ultrapassou, mas à medida que ia correndo ia vendo uma série de colegas, bem mais fortes do que eu, a desistir, enquanto eu continuei precisamente porque pretendia chegar ao fim…

Alguns dos desistentes gozaram comigo durante o ano inteiro por ser pequeno e desajeitado, mas foi precisamente alguns desses colegas que desistiram…

No final, quando cheguei à meta, notei que de facto foi o último, mas na meta fiquei estupefacto com a atitude do público:

Esse público deu-me um aplauso igual ao que dera ao vencedor…

Esse público reparou que gente maior ficara pelo caminho, enquanto eu continuara até ao fim, sendo o último, mas tendo acabado…

Lembrei-me então da frase

“Por vezes a vitória também é dos últimos”…

E percebi que de facto pode existir honra na derrota, pela simples razão que apesar de perdermos pelo menos tentámos, perdemos mas não ficámos pelo caminho, perdemos mas chegámos até ao fim desse caminho…

Esta foi e ainda é uma das mais notáveis lições de vida que tive a honra de aprender...

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 23/04/2013
Reeditado em 23/04/2013
Código do texto: T4255464
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