Efêmero

No ápice da relação, entre quatro paredes, cama quebrada, vinho derramado, morango aos nacos e o fel do leite condensado, disse para ela: "Caralho, como te amo! Para ser mais direto, como vês, sinto uma Tesão dos quintais do inferno. Que Diabo visguento prende-me a esse segredo que tens no meio das pernas? Chega ser pegajoso, o que faz-me sentir medo!

- Resta saber por quanto tempo?!

- Até que a morte nos separe.

- Que nada! Em tempos de diarreia, o amor tornou-se efêmero.

- Concordo! Morremos antes mesmo de nascermos, ou nascemos mortos.

Depois de certo tempo, mordendo-lhe o pescoço, atarraquei à cintura dela e disse: "Podemos ressuscitar à terceira hora".

E foi o que aconteceu. Entre gritos e insanidades, o orgasmo chegou aterrador e libidinoso. Terminado o tempo, dei o miado derradeiro e saímos sem pagar nada.

Moramos nos telhados e roubamos queijos nas despensas. Se certos atos são efêmeros, esse de comer de graça, é para o resto de nossas vidas e bons e exempláveis pais que somos, mundo-afora à uma porção de nossa espécie miando os nossos ensinamentos.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 28/07/2015
Reeditado em 28/07/2015
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