Pêssego

Um mago, procurando conhecimento e poder além dos limites, inconsequentemente desenhou um círculo de giz no chão. O círculo foi preenchido com símbolos e mágica. Quando a poeira baixou, parado no centro do círculo, estava de pé um demônio. Sua aparência era humana, sua tez escura, um corpo alto e lânguido. Ele tinha o cheiro da noite e do fogo. Era o cheiro da paixão. Seus lábios eram carnudos e seus olhos eram dourados como o sol poente. Tendo ouvido pedido insensato do mago, ele esticou sua mão magra. Na palma, delicadamente ele segurava um q redondo e saboroso.

-Esta é a fruta proibida do conhecimento?

-Oh, não… - Riu o demônio, entregando o fruto nas mãos do mago. - Vocês já tem o fruto do conhecimento em seu sangue. Este é o fruto da vida, o segundo fruto que a humanidade nunca chegou a saborear…

O mago sentiu o fruto em seus dedos: macio como veludo, perfumado como as noites árabes no verão. Ele aproximou o fruto da boca. Seus lábios se abriram, e sua língua já sentia o gosto de vinho que o fruto exalava, quando o convidado interdimensional agarrou seu pulso com cautela.

O mago levantou o olhar, em dúvida.

-Esta é a fruta mais doce que você comerá nessa e em outras vidas. - O ser possuía uma voz quase assustada. - Quando mordê-la, cuidado: o seu caroço é difícil de engolir.