O príncipe.

O dia é igual a todos os outros de sua vida medíocre.

Arrasta os chinelos até a cozinha acanhada e escura.

Com gestos rápidos, prende os cabelos em coque improvisado e ligeiro, usando os dentes para abrir o grampo que irá garantir o penteado.

Olhando-se no espelho barato que repousa no armário de segunda mão, aplica o batom cuidadosamente.

Seu olhar é atraído para a janela do prédio em frente.

Mais uma vez ele está lá, tomando café enquanto olha o jornal do dia.

Espera que ele retribua seu olhar, mas ele levanta-se e dirige-se à porta.

Sai sem perceber o longo olhar de solidão requentada como o café que ela toma.

Ela suspira. Quem sabe amanhã ele vai virar príncipe?

Resgatá-la com promessas e beijos?

Quem sabe amanhã...

Jeanne Geyer
Enviado por Jeanne Geyer em 02/05/2011
Reeditado em 11/11/2021
Código do texto: T2944225
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