TROCA

Quando pela manhã me olhei no espelho, não pude evitar o espanto.

Aquele não era eu!

Um rosto bem mais moço e muito mais bonito ocupava o lugar das minhas antigas feições.

Com minha cara nova, sai de casa confiante, certo de que a partir dali teria as mulheres que sempre quisera. Uma nova vida se oferecia para mim.

Mas ele apareceu no meu caminho. Ele: o rosto que deixara de ser meu. Aquele rosto decrépito e feio.

Tive pena do homem que o vergava.

Pena e temor. Se ele me visse, sabe-se lá como seria a sua reação. O que faria ao me reconhecer, quer dizer, ao se reconhecer em mim?

Não esperei para saber. Fugi antes de ser visto.

Os presentes que a vida nos dá, não devemos devolvê-los.

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