O filho imperfeito.

Ela sempre catou feijão com cuidado. Com a atenção nos grãos, com dedos ágeis separava: esse vai para panela, esse não, esse vai, esse não.

Assim, em pouco tempo, tinha uma panela com belos e perfeitos grãos selecionados, e a um canto, o resto. Os que sobravam, os imperfeitos, eram jogados no lixo e tudo estaria pronto. Tudo estaria garantido.

Quando nasceu o filho imperfeito, absurdamente lembrou-se dos feijões jogados no lixo. Esqueceu que a vida não oferece garantias.

Enfrentou a dura realidade de uma sociedade que trata pessoas como grãos de feijão.

Jeanne Geyer
Enviado por Jeanne Geyer em 18/06/2011
Código do texto: T3043275
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