O acaso
Quatro da tarde. Tudo o que havia acontecido entre os dois, até ali, fora por acaso. Tinham, finalmente, marcado aquele encontro para um lanche. Talvez pudesse rolar um cinema, sei lá.
A mesa com guarda-sol estava posta na calçada, de modo que alguns transeuntes chegavam até a esbarrar neles ao passar. Circunstância que, para ele, pareceu ter a função de integrá-los ao mundo real, entre as pessoas que iam e vinham, como que a alertá-los de que não estavam sós.
Pensou em dizer a ela essas coisas, mas lembrou-se de ter lido em algum lugar algo mais ou menos assim: para o destino, o acaso não passa de uma leitura errada do DNA.
Sentiu que a mão dela pousava sobre a sua em cima da mesa.
- No que você está pensando? – perguntou ela.
Ele apenas sorriu e continuou calado.