O OPERÁRIO

À cabeceira, pontual, soa-lhe o alarme; nem um minuto o detém da rotina. Estende os músculos, lança mão do dentifrício; a passagem sob a ducha é não mais que uma pausa, tão breve quanto os goles da taça vertidos à temperatura que contrasta com o ar exterior. Cobre-se com o usual traje do batente afiançador de sua subsistência. E, sob sujeição contumaz ao chamado do apito, mergulha em mais um dia ... Na manhã seguinte, reprisa a cena. Por carma ou por tino, está persuadido de que haverá ainda outras amanhãs iguais a esta, até que um dia o descanso compulsório por fim o liberte.

Israel dos Santos
Enviado por Israel dos Santos em 12/08/2011
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