O banho do papagaio

 


 

 

Em outros tempos, dona Felícia ganhou um papagaio. Colocou no terraço uma gaiola bem grande, de três andares, e passou a cuidar dele, dando-lhe de comer e trazendo sempre sua casinha nos trinques, protegida da corrente de vento e coberta em noites frias. Durante a maior parte do dia ele perambulava solto pela casa. Vivia lhe pregando sustos, cutucando-lhe o calcanhar. Depois de alguns anos, ela aprendeu muita coisa sobre o comportamento daquela ave. Como nós, o papagaio tem simpatias e antipatias. Apesar de saber que era sua provedora, ele não gostava dela. Nunca imitou sua risada nem repetiu o que ela falava. Mas dava-se muito bem com suas filhas, viva lhes fazendo gracinhas. Bastava que uma delas chegasse em casa, lá de longe Papito gritava Beeel, Beel... Ou Tiiiina, Tiina... e começava a gargalhar imitando as meninas. Certa vez descobriram que em dias de chuva ele ficava agitado. Puseram, então, uma tigela com água ao seu lado e o que se seguiu foi surpreendente: batendo as asinhas, ele jogava a água em seu corpo na maior alegria. Daí em diante, dia de chuva era dia de banho do papagaio!

 





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