A borboletinha

Protegida em seu casulo, a borboleta estava pronta para dele emergir.

Seu coraçãozinho batia descompassadamente. Não sabia como seria sua vida agora; afinal nunca tivera asas antes.

Amedrontada, deixava-se ficar mais e mais ali, na quietude de seu pequeno abrigo. Não fazia o menor movimento, para que assim pudesse retardar mais a eclosão de seu casulo. Estava acostumada a ele. Era uma vida solitária, bem o sabia, mas sentia-se segura assim. E se caísse nas garras de um predador? Suas cores tão lindas, suas asas diáfanas e delicadas não resistiriam...

Ali permaneceu dias e dias. O momento de sua libertação se fora e ela continuava ali. O casulo se desfizera, mas ela, teimosamente, continuava em sua posição original, numa última tentativa de preservação de si mesma.

Assim continuou até que um vento mais forte levou seu pequenino corpo, já sem forças, para nunca mais.