Vida, estranha vida.

Trabalhava num prédio de escritórios no centro de São Paulo. Todas as manhãs, encontrava e cumprimentava o pessoal que lá também trabalhava. Adorava a maneira de vestir das garotas, tão bonitas...

Já tinha uma certa idade e sua função, no prédio, não era a que gostaria de exercer: era faxineiro. Cuidava da limpeza das áreas comuns, dos elevadores. Desses, gostava muito, pois sempre tinha a oportunidade de estar no elevador com alguma moça bonita e perfumada... Ah, como gostava!

Foi, então, que uma nova funcionária, do quinto andar, muito simpática e bonita, apesar de já mais entrada em anos, dispensou-lhe um lindo sorriso de bom dia. Seu mundo pareceu ter se enfeitado de flores. Toda vez que a divisava, sorria-lhe, tentando disfarçar algumas falhas de dentes. Ela, sempre amável, respondia-lhe calorosamente. Isso se repetiu até o dia em que foi parar nos ouvidos dela a história da paixão que o faxineiro lhe dedicava. Desde esse dia, nunca mais lhe sorriu.