...Velho amigo!
 
Estou numa fase difícil. Acreditar que posso superar os passivos da vida e me apoiar nos ativos parecem ser a melhor escolha. Foi este o tom inicial da conversa naquele consultório. E, como quem precisava dizer tudo, continuou falando: É preciso ter objetivos ainda que eles sejam os mesmos de antes embora tenham se perdido do significado inicial. Reinventar o que já havia sido inventado. Interessante pensar nisto. Por vezes dói, trazem dúvidas, incertezas. Mas nada se perde tudo se transforma, disse alguém. Buscar enxergar essa transformação e extrair dela os ensinamentos necessários é muito importante, embora possa ser angustiante, por vezes. Não é o medo do desconhecido. Na verdade é receio do que já se conhece. E, talvez não se saiba como conhecê-lo melhor ou com outro olhar e voltar a sentir prazer em fazer isto. Mas é preciso reinventar a vida sempre, seja no campo profissional, familiar ou afetivo. Amar os mesmos campos de forma diferente ou de uma maneira que nunca se experimentou antes. Será possível? Alguns dizem que não. Outros afirmam que sim, pois o amor que se sentiu por eles nunca morre. As pessoas é que se deixam ir, fugir, afastar, mudar de casa, de vida, de destino, por razões várias que não nos compete julgar. O que se deve realçar é a capacidade que todos temos de reinventar a sensibilidade do nosso olhar interno, e com verdade sempre ousar experimentar de novo o novo que nasce daquele velho olhar. Mansuetude é a uma boa atitude para enxergar  o novo!
O seu tempo acabou afirmou o terapeuta. Semana que vem no mesmo horário, certo? Ela reclamou: de novo? E saiu andando pela rua, mansamente, olhando tudo de novo com o seu velho amigo olhar!

 
Liliane Prado
(Exercício Literário)
Liliane Prado
Enviado por Liliane Prado em 12/03/2013
Reeditado em 30/06/2018
Código do texto: T4184569
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