TRANSES NO OLIMPO

O condomínio não feria sua paz e, no geral, a vizinhança tampouco. Em dias claros, voltada para os fundos do domínio residencial, a varanda do imóvel se assemelhava a um oásis: regada por orvalho, era soprada pelo vento e alcançada por raios do sol que igualmente se projetavam nas folhagem dos bosques adjacentes, vistos mais belos em períodos de mudanças sazonais.

Não obstante, sentia-se permanentemente ameaçado. Sabia que a qualquer momento a campainha soaria e que no abrir da porta a calma se despediria; partiria para dar lugar às prenunciadas incertezas e aos riscos invasores que chegavam ladeados da silhueta entrante.

Convencia-se cada vez mais de que na solidão tinha companhia mais aprazível do que alguém a quem um dia, braços dados a fulgores ora já desprezíveis, deu boas vindas com acesso àquele espaço e cujo amor julgou digno de acomodar no recluso de seu coração.

Israel dos Santos
Enviado por Israel dos Santos em 13/05/2013
Reeditado em 14/05/2013
Código do texto: T4289378
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