O RETRATO
 
 
     Não sei quem o colocou ali. O fato é que me dava arrepios. Na casa velha, já ninguém sabia o que era o quê, a quem pertencia, e desde quando. Tudo parecia eternizado. Não se trocava nada de lugar. E ele era o que mais me incomodava. Ficava me seguindo quando eu passava. Às vezes, até sentia seu hálito asqueroso. Bobagem, é claro.

     A sensação de desprazer foi crescendo, impedindo-me de pensar em outra coisa. Sempre ele, sempre ele. Um dia, peguei um machado e ataquei-o. Saltaram pedaços de vidro, de papel, de parede e de pó até nublar-me os olhos.

     Foi então que enlouqueci. Não mais havia o retrato, mas ele estava lá, no mesmo lugar, coberto de sangue.


 


MADAGLOR DE OLIVEIRA
Enviado por MADAGLOR DE OLIVEIRA em 25/05/2013
Reeditado em 25/05/2013
Código do texto: T4308209
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