Nem um pedaço de um certo braço...

Ora, mas se aquilo não era uma afronta!

Várias fileiras adiante, os dois sentadinhos lado a lado - o ombro dela encaixado na rígida macieza da curva da axila dele - de onde se expandia o braço pelas espáduas dela - que aqueciam o braço e todo o resto dele...

De vez em quando ela esfregava o queixo na clavícula vestida de cambraia verde água, em carícia quase rústica. Ele respondia com delicados beijos na têmpora e soprava o cabelo comprido, fino e castanho, desarrumando a lisura, causando cócegas e vontade.

Você sabe o que é ter um amor, meu senhor? E você, minha senhora?

Ah, então compreende: é necessário sangue frio para assistir tal cena.

E coragem das boas para se levantar de seu conforto, buscar assento à frente e, 'despercebidamente', olhar para trás.

E descobrir que ela é qualquer uma, mesmo... e ele não é ele.

Mas é preciso fé para entender de alguma felicidade possível, quando passa a surpresa de parar de doer.

Gina Girão
Enviado por Gina Girão em 24/06/2013
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