Visões de uma Glândula - II
 
Continuamos a caminhar, Pineal e eu, e no lugar das mãos entrelaçadas, como andam os enamorados em devaneios, andávamos de olhos irmanados: eu, porque entregue ao seu afiançado olhar; ela, porque ciente de meu sono secular.
Vimos um velho homem, já improdutível à sociedade, cabisbaixo, olhos embaciados e que expunha à venda sobre uma bandeja alguns anéis confeccionados no próprio lar. E em cada enfeite e pedrinha colados, uma alegoria do suor; uma história com final previsível; uma frouxidão de espírito, uma calosidade na alma por tamanha, impiedosa e brutal covardia.

 
Continua...