Visões de uma Glândula - IV

    Ele tenta atravessar o vidro. Mas que infeliz esse himenóptero! Ora, não sabem os marimbondos que é impossível? Então eu deixo a janela entreaberta e ele vai à caça de sua liberdade. Quanta vez um portal nos é entreaberto e nos matamos de cabeça contra o vidro!...
   Então saímos e já é tarde. O pipoqueiro está à porta da escola e reúne a sua volta o vício do consumo. Chove um pouco e a seguir o céu se abre. No horizonte rubro e muito acima das cabeças, que se voltam para o chão, o Arco-da-aliança. Mas quem o vê? Então um sopro de leste dissipa o colorido palco e encerra o espetáculo sem plateia. E todo o lugar é já tomado de uma lenta e progressiva penumbra, mas não se faz o ocaso porque a cidade se ensombra; também não se ensombra a cidade porque o sol declina. O sol declina e a cidade se ensombra porque eu vejo!...

 
  Fim