PRESTÍMANO

O talento de Asgart era sobrenatural. Através do ar, ele descrevia paisagens e compunha poemas que flutuavam em direção à plateia. Ao chamado de suas mãos, nuvens, chuva e vento, sóis, luas e estrelas, em miniaturas, giravam no palco. Para o abalo geral, durante uma de suas apresentações, um mal súbito o desafiou. Resultou daí, a última de suas parábolas. Ao ser conduzido para o hospital, Asgart irrevogavelmente desapareceria na ambulância. Em tal grau, coube aos boquiabertos socorristas zelar apenas pela capa amarfanhada do famoso ilusionista.