O MANCO, A CEGA, E O ENVELOPE VERMELHO - A Saga de Armando Cap. 19

Da janela do quarto de hospital entrava uma leve brisa do mediterrâneo. ARMANDO, absorto em seus pensamentos, mal percebeu a porta se abrir e por ela passar uma linda e pálida mulher segurando uma bengala.

Armando só queria nunca mais sair daquela cama. Há uma semana ficara sabendo pelo médico que o tiro no quadril havia afetado nervos importantes e que ficaria manco para sempre.

Mas a bengala não era para ele. Os olhos embaçados da mulher sob as lentes marrons do Fendi falsificado nada diziam. O seu coração, porém, batia em um descompasso tão alto, que acreditava ser ouvida em toda aquela ilha. Ali estava o amor de sua vida. E agora os dois pareciam estar em condições mais próximas.

- Vim tirar você daqui - Falou Doralice, a pobre cega vendedora de flores.

- Levante-se e vamos! - Acrescentou com firmeza - Temos um compromisso social, falou a moça muito decidida, entregando para o rapaz um grande envelope vermelho lacrado com sinete dourado.

Armando sabia do que se tratava, e aquele era o último lugar onde ia querer estar.

Lá fora, Carmencita, a dançante, com os olhos cheios de lágrimas, observava o seu filho conversando com a moça que trouxera do Brasil. A única das mulheres de Armando que faria qualquer coisa para tirá-lo daquela cama. A única que ainda o amava.

Iolandinha Pinheiro
Enviado por Iolandinha Pinheiro em 14/11/2015
Reeditado em 11/12/2017
Código do texto: T5448294
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