O BEM-TE-VI VALENTÃO.
 
“A força não provém da capacidade física. Provém de uma vontade indomável.”
(Mahatma Gandhi)
 
Era uma vez um bem-te-vi cheio de si!
Muito bem dotado de físico, com um peito largo de fazer inveja ao tenor italiano Enrico Caruso dos velhos tempos. E ele, o pássaro, sabia muito bem disso.
Não era pois, por acaso, ser ele o primeiro comensal a se apresentar para refeição matinal.
Aboletava-se ele e sua gentil companheira no comedouro das frutas e, enquanto sua dama comia, ele montava guarda , peito bem estufado, o temido bico pronto para o ataque. Saciada a dama, lá ia ele com toda a energia arrancando nacos expressivos das frutas e só depois de farto, levantava voo, deixando para os outros apenas fragmentos do banquete.
Se este miniconto tivesse sido escrito por La Fontaine, eu diria que o danado do pássaro era “remplis de soi même”, o que, pra nós, seria “metido à besta”.
Tantas fez o malvado que sua vez acabou chegando; numa dessas manhãs ele dormiu demais e, então, um lindíssimo tiê-sangue e sua jovem senhora chegaram primeiro ao comedouro.
Como perfeito cavalheiro, o púrpuro macho cedeu a vez à sua fêmea pobre de cores. Eis que chega o temido peito amarelo e ataca a coitadinha! Ah, foi a conta – o tiè, mais vermelho ainda de raiva, atirou-se sobre o grandalhão e pespegou-lhe uma tremenda sova, valendo-se da sua agilidade nata potencializada pela audácia e falta de respeito do peitudo.
A passarada que assistia, aplaudiu à sua maneira; voando em torno do vencedor num alarido só. 
Hoje reina a paz nos comedouros, cada um escolhe seu alimento favorito, come em harmonia, cantam a beleza da manhã e fazem o que mais lhes apraz; voam livres pelo céu!
 
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paulo rego
Enviado por paulo rego em 03/09/2016
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