ANTROPOGÊNESE

Luz infinita. Sombras eternas. Vida e morte pariformes... O axioma continha águas profundas e uma superfície imensurável e desabitada. Sem provar significados, estranho a qualquer necessidade, Zeus continha os humores do éter e a combustão do fogo. Abrigava a aridez do solo e a brandura do orvalho. No andar dos milênios, potências aguardavam o decreto criativo. Certa feita, Zeus atentou para a sombra projetada na profundidade do intelecto. Tentado a reproduzi-la, utilizou seixos para adicionar imagens em uma imensa esplanada. As efígies, submetidas ao tempo e ao cortejo das reações químicas, insufladas pelo artesão, desenvolveram vida própria. E foi assim que o vigor de “Sombras” fatídicas, ambicionando honras eternas, alimentaram-se das mais débeis. Adiante, no episódio lembrado como “o suplício do apedrejamento”, seixos ameaçadores voltaram-se contra o criador. Bem ao depois, com o surgimento da civilização robótica, esse tormento seria reprisado.