A Previsão.

A Previsão.

Um cão pequinês com pelo na cor marrom jaz morto na calçada, em frente da casa, próximo ao Jardim. Margarita sai do interior de sua casa para fazer compras e vê o cão morto. Fica triste e abaixa-se para acariciar o animal morto. Chora a perda do amigo. Inicialmente chora baixo, mas a tristeza aumenta e começa a chorar copiosamente.

Ubaldo ouve o som do choro de sua mulher. Estranha, porque não havia ouvido o som do motor carro e Margarita lhe dissera que iria fazer compras. Caminha rapidamente para ver o que está acontecendo. Vê a sua querida agachada e derramando lágrimas em frente ao cão. “O que houve mulher?”, pergunta. Ela responde: “Lulu morreu. Não sei o que houve. Ele estava bem de saúde”.

Ubaldo agacha-se e abraça a mulher para consolá-la e diz: “Essas coisas acontecem. Para morrer, basta estar vivo. Sei que gostava muito de Lulu, mas vamos conseguir outro cãozinho para você”. A mulher responde que Lulu é insubstituível, continua a chorar e não há nada que a console.

Enquanto estão agachados e sua esposa chora a perda do cão, passam duas mulheres em frente da casa. Com sorriso irônico as duas observam a cena. A mulher mais velha cochicha no ouvido da mulher mais jovem e bela, e sorriem. Ubaldo parece adivinhar o que ela está cochichando. Margarita estranha o fato e diz a Ubaldo: “Quanta maldade dessas mulheres. Sorrir da morte do animal e ainda cochichar, fazendo piadas”. Ubaldo para desconversar pede que a mulher ignore a situação e procure recompor-se. Diz para a esposa que vai buscar um saco plástico para embalar o cão. “Vamos retirá-lo do sol para evitar que cheire mal enquanto a prefeitura não vem buscar o animal”.

Enquanto vai buscar o saco plástico Ubaldo pensa: “Não é que a velha estava certa. Aquele sorriso irônico revela tudo”.

O leitor deve estar pensando que Ubaldo está louco, mas garanto que não. Vou já esclarecer a situação. A velha era uma cartomante que Ubaldo havia ido visitar junto com a mulher bela e jovem, que foi amante de Ubaldo durante dois anos. A amante havia jurado a Ubaldo que iria vingar-se por ele terminar o relacionamento. Dissera que não ficaria barato o fato de ele voltar à esposa e abandoná-la ao léu. Ela o amava. Quanto a cartomante, esta havia “visto” no tarô que a mulher de Ubaldo iria sofrer ao ver morrer o ser que ela mais amava. Um sentimento de alívio encheu o peito de Ubaldo. Nos últimos tempos ele sofreu e esteve nervoso e tenso pensando que ia morrer, porque imaginava que fosse ele o ser que a mulher mais amava. “Quanto sofrimento à toa”, pensou.

paulo de jesus
Enviado por paulo de jesus em 04/04/2017
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