Jacus

"Vamos ao Bar do Lalado ou ao Yara's saborear uns salgados e tomar um suco, antes de caminharmos até o túnel?", sugeriu o Murilo. "Eu vou saborear um suco de cana", retrucou o Lima. O Bateria, que parara de beber, entendeu bem o tipo de suco desejado pelo Lima. Isaías, de novo, recusou a caminhada, dessa vez com uma boa desculpa: marcara uma reunião com a diretora da Escola Estadual Coronel Xavier Chaves, para conhecer o projeto pedagógico. A Maga, assim como Jerusa e Regina, aceitaram, dispostas. Arnóbio não iria, pois queria visitar o cemitério. Suzana e Naja ficaram na praça, observando as esculturas de granito. A Flávia e a Francisca foram à Casa da Cultura, pedir a chave da Igrejinha de Pedras.
   A tarde prometia. O céu estava limpo, com um sol pálido, quando o grupo se juntou, próximo ao PSF. A Karen acenou, desejando-lhes uma boa caminhada, "mas cuidado com a cascavel". "Obrigada, tenho pavor de cobras", agradeceu Suzana, sob o olhar complacente de Naja. E lá se foi o grupo, animado, rumo ao túnel.
   Ao passar sob o viaduto da via férrea, encontrou um bando de jacus. A Maga não se conteve: "Meu Deus, coisa mais linda, são urubus?", perguntou. O Bateria esclareceu. O Lima bebeu uma dose da Beata. Regina pegou a garrafa e tomou um gole, depois de jogar um pouco para o "santo". O Lima pegou a garrafa de volta, "deixe que eu tomo conta dessa Beata". Enquanto isso os jacus observavam, desconfiados, a trupe. "Que bicho besta, sô", disse Suzana, completando: "eu pensava que jacu fosse o caipira, o capiau, jeca, roceiro". Murilo, o guia improvisado, morador da cidade, não gostou dos modos da moça referir-se aos seus pares e retrucou: "São esses jacus, que plantam e colocam alimento em nossas mesas, Dona Suzana, bom ter mais consideração por eles". Suzana desculpou-se: "Não falo por malícia, Murilo. Apenas um modo de dizer, sem conotação negativa. O caipira está incorporado em nossa cultura, como personagem. Amacio Mazzaropi fez filmes com o tema jeca tatu. 'A cultura caipira vivenciou a ascensão e a consolidação do modelo capitalista de economia, impulsionado pela revolução industrial, que concorreu para grandes transformações no modo de vida tanto do homem urbano como rural, manifestando os sintomas da crise social e cultural pelo qual ainda vive a sociedade. Assim, o caipira desse segundo momento histórico passou por grandes mudanças. Primeiro, como pequeno agricultor, não conseguia mais prover por inteiro as próprias necessidades alimentares, pondo fim ao regime de autossuficiência, devendo recorrer aos estabelecimentos comerciais da vila, incorporando assim, o sistema comercial das cidades e a necessidade de acumulação de capital para aquisição de bens materiais e novas tecnologias que facilitavam o trabalho no campo. A cultura caipira foi ainda marcada por uma vida lúdico-religiosa bastante intensa e importante dentro de sua organização social. As festas e as idas às igrejas nos finais de semana favoreciam o convívio social sinalizado por hábitos alimentares e religiosos, dialeto e músicas bastante peculiares a esse grupo' *". Murilo sentiu-se desculpado e satisfeito com as informações. Após fotografarem os jacus, a caminhada prosseguiu até o túnel. O trem, carregado de minério buzinou. A Maga fez questão de filmar. Murilo propôs atravessarem o túnel, para conhecerem a mina d'água, mas a trupe preferiu retornar, por ser o último dia de visita a Coronel Xavier Chaves. "Isaías e Arnóbio, a esta hora devem estar nervosos com a nossa demora", disse a Naja. Francisca concordou. O Bateria apenas esboçava um sorriso e seguiu o grupo.
   Ao retornarem, foram ao Bar do Dirceu e molharam a garganta com umas geladas, exceto Isaías, motorista da van. Despediram-se dos presentes e seguiram rumo a novas aventuras. Regina reclamou por não ter ido a Resende Costa, comprar mantas e tapetes, mas alegre de saber que iriam apreciar a beleza das cachoeiras de Carrancas. "Nossa próxima parada - disse Francisca - será em São João del Rei". A Flávia completou: "Em seguida Tiradentes, Bichinho, Prados e vamos que vamos"...




Da série Outras Espécies

Pesquisa:


O jacu é mais uma das espécies avistadas em viagens pelo Brasil.

A ave assustada e arredia consegue facilmente se camuflar e dispersar por entre as árvores e folhagens desparecendo em meio à mata. Por conta de seu jeito disperso, seu nome é usado como adjetivo pejorativo e sinônimo de caipira, tosco e jeca. É um pássaro típico de floresta, mas que tem hábitos no chão, onde passa um bom tempo também.


O Jacu também é conhecido como Penélope e é nativo das florestas latino-americanas. Só no Brasil são sete espécies diferentes.

O pássaro chega a alcançar até um metro de comprimento por vezes parecendo uma galinha com grande rabo e grandes asas. Alimenta-se de folhas, frutos e brotos, mas com hábitos diferentes em diferentes habitats.
Este pássaro, a exemplo de um gato do mato na Sumatra (Indonésia) é responsável pela produção de um dos principais cafés de exportação Brasileira, o Jacu Coffee.


 
http://www.olharturistico.com.br/jacu-ou-penelope-o-passaro-das-florestas-brasileiras-que-produz-cafe-de-qualidade-tipo-exportacao/

Sinônimos: capiau, casca-grossa, jeca, roceiro, sertanejo, jeca-tatu...

Fonte> http://www.dicionarioinformal.com.br/sinonimos/jacu/

* https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_caipira

Imagem: You Tube