Um (QUASE) conto de fadas moderno

Depois da terrível briga virtual com um de seus seguidores, Ana ficou catatônica olhando para a tela do computador. Não percebeu quando a chave na porta de seu quarto girou e uma sombra negra aproximou-se por trás, empurrando-a com violência contra o monitor ainda ligado.

Acordou atordoada, dentro da rede social, em meio a uma guerra de palavras intolerantes atiradas como bombas para todos os lados. Correu o mais depressa que pode, tentando fugir daquele ambiente tóxico.

Caiu na imensidão da felicidade suprema de um outro perfil. Tudo lindo, tudo perfeito. Pena todo aquele glamour não ter durado muito; Uma pequena rachadura e o castelo inteiro ruiu.

Fugiu mais uma vez antes de ser soterrada pela falsa felicidade, até que se encontrou com os politicamente corretos, que de tão corretos a deixaram sufocada com os “não pode isso”, “não pode aquilo”, “mimimi” e “blablabla”.

Passou voando pelos perfis marombeiros, pelos paneleiros, pelos festeiros, pelos vizinhos fofoqueiros, pelos religiosos encrenqueiros e pelos anarquistas baderneiros.

Seu coração estava aos pulos. Por falar em coração, onde estaria o perfil do príncipe encantado? Príncipe? E ela lá era mulher de príncipe? Decerto já estava perdendo a sanidade. Precisava sair daquele mundo surreal. Mas como? Quando? Quem a ajudaria?

Seria isso obra de alguma bruxa má? Não sabia. Sua única certeza era de que estava confinada e não encontrava a porta de saída. A internet era uma armadilha sem volta.

Aline Teodosio
Enviado por Aline Teodosio em 13/06/2018
Reeditado em 13/06/2018
Código do texto: T6363172
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