Amor Passageiro

Júlio conheceu a bela Clarice num final de semana dentro do ônibus. Estavam indo para numa dessas festas que aparecem de repente e se vai só porque nada se tem para fazer.
O casal chamava a atenção de todos por sua beleza. Era o par perfeito. A inveja e o desejo tomavam conta da maioria dos presentes, deles por ela e delas por ele. Desse encontro começou o namoro, que hoje em dia é comum dizer “ficaram” e desse ficar passaram as juras de amor eterno. Tudo ia as mil maravilhas. Até música para ela, ele fez. Casaram-se e o sucesso bateu-lhes a porta. Tudo era só felicidade.
A vaidade burra e a busca pela beleza perfeita o levaram a uma plástica. Diga-se de passagem, desnecessária. Como se a natureza quisesse se vingar pelo desperdício, a operação que era coisa simples, complicou. Júlio entrou em coma e ao retornar dela, trouxe junto as sequelas. Com os movimentos comprometidos e a fala arrastada, passou rapidamente de belo, a fera.
Tristeza total e geral.
Que pena! Aquele amor que parecia eterno, imediatamente desapareceu, deixando-o só com sua nova parceira.
A cadeira de rodas.
Fernando Antonio Pereira
Enviado por Fernando Antonio Pereira em 13/10/2019
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