Metamorfose interrompida

E foi assim que Josias parou e ouviu tudo, contendo no casulo da sua mente, o pensamento que, tal qual pulpa, insistia em se borboletar em palavras. Por um instante só, se aquela metamorfose se completasse, assim que as palavras batessem asas a destruição estaria feita. Foi preciso muita força interior, mas Josias conseguiu, enquanto sentia o pensamento revolver-se dentro de si, como se o oxigênio lhe faltasse por fim.

Josias respirou fundo, ajeitou-se na cadeira, cruzou os braços em sinal de resistência, olhou bem nos olhos do coronel, enquanto dizia em pensamento: "O sinhô quer saber das verdade? A sua sinhora, D. Maria das Flores, não é lá flor que se cheire, não. Não sabe? É ela que vive se atirando pra cima dos pião aqui da fazenda, é só o sinhô sair mais de dentro do gabinete e das venda no final da tarde. Mas, o sinhô é muito ocupado , não é mermo?"

--Oh! Psiu! Josias, você não falar nada não, vai ficar aí parado?

--Cuma?! Ah! Sim, sinhô, eu me perdi nos devaneio aqui. Mas num se preocupa, não. Hoje ainda pego a estrada e largo suas terra. - Disse batendo as mãos nas pernas e se levantando rapidamente.

-- Mas você não vai falar nada em sua defesa?

-- É mió, não, sinhô. Se não tenho mais sua confiança, quarquer coisa que eu falar vai-lhe parecer mentira, num é mermo? Se nossa prosa acabou, eu tenho que me apressar, inté outro dia.

Do lado de fora, com o coração apreensivo e o ouvido atrás da porta, estava Maria das Flores, que nessa hora respirou aliviada e saiu rapidinho ao ouvir passos vindo em sua direção.