A MULHER QUE PASSA

Com uma xícara na mão e o olhar embaçado, acompanho o passo da velhinha na calçada. Ela segue pela rua do hospital carregando uma cesta. Anda envergada. É madrugada e o sol brilha na China. Vejo-a sempre que perco o sono e me ponho a olhar a rua, da altura do décimo andar. Penso nas pessoas que vem e vão qu' eu nunca vou conhecer. A velhinha tem o porte da minha mãe e se senta num banquinho qu'ela também carrega. Embaixo de uma árvore vende o seu café. Vende café para comprar o leite do neto, por certo. Vivemos vidas tão diferentes que  nem parecemos habitar o mesmo espaço.  Nossas vidas seguem linhas paralelas e nunca se cruzam.

Paraíso e inferno. Aqui, ou ao largo _ quem saberá?

De repente, a cabeça dela se vira e olha pra cima. Saio do meu devaneio. Me escondo atrás da cortina. Ela me viu? Ela me vê?

Seu olhar me encontra e ela me atravessa.

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Meus livros:

Depois do arco-íris tinha uma escola...

As aventuras de Bonitona e a vida secreta dos bichos

Mãe o silêncio atrás da porta

Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 31/05/2021
Código do texto: T7267983
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