CIBERNÉTICO

Autoridades mundiais recomendavam distanciamento social por conta da pandemia. Impedido de sair do hotel em que se hospedara no Sudeste Asiático, cabia a Login, diariamente, comunicar-se com Java, cá no Brasil, através dos meios eletrônicos.

Em instâncias de alta tecnologia, o vínculo remoto não dispensava uma toalete cuidadosa. Por isso, hoje cedo, Login desincumbiu-se a contento.

Java, por sua vez, banhou-se com água de alfazema, arrumou os cabelos, usou batom, vestiu roupa nova. Em seguida, transpôs uma nuvem de perfume e se projetou na web em busca de Login.

A imagem de Java, através de ondas palpáveis, lábios rubros e olhos expressivos, surgiu em uma enorme tela ao alcance do destinatário.

Com isso, Java e Login passaram a experimentar vantagens da imersão futurista. O tato, o olfato e a troca das emoções foram possíveis mediante avançados instrumentos sensoriais.

Oportunamente, sobreveio o necessário complemento. Através da impressora de último comando, cada qual recebeu o maná e o champanhe submetidos a rigorosa escolha. E quando se esgotou o prazo ajustado para o encontro, coube um derradeiro ato. Taças reluziram sonoras nos remotos painéis, elevando um brinde derradeiro.

Retraídas as imagens, o rastro dos perfumes, por instantes, manteve a interação.