Um Crime Premeditado...
 
(Obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos reais
terá sido mera coincidência... ou não)
 

Jamais havia matado. Não que não tivesse vontade. O que lhe faltava era coragem. Pensava em como seria depois, e o que faria com o cadáver. Teria que removê-lo, tocá-lo, e, ainda que usasse luvas, a aversão era enorme.

Ela o incomodava demais. Parecia adivinhar quando ele estava mais sensível e começava a fazer aquele barulhinho irritante, que o exasperava. No restante do tempo, tudo era silêncio. Já estava enlouquecendo e resolveu tomar providências. Iria acabar com aquilo de uma vez por todas. Sozinho! Não envolveria ninguém.

Pensou em como seria e, ao sair do trabalho no final da tarde, muniu-se com a mais silenciosa das armas. Seria naquela noite. Estava decidido.

Preparou e comeu o jantar, serviu-se da apfelstrudel que comprou na confeitaria no caminho de casa, e não se preocupou em lavar a louça. Ele queria que ela saísse daquele silêncio em que se escondia e percebesse tudo. Se quisesse comer, que buscasse ela mesma.

Foi para o quarto com o prato da sobremesa, ligou o computador e começou a ouvir o barulhinho que o irritava. Arrepiou-se quando pensou que naquela noite acabaria com sua agonia. Estaria livre dela para sempre.

Estrategicamente, colocou o prato sobre o criado mudo que ficava ao lado direito, um pouco atrás da sua cadeira, e esperou.  Permaneceu imóvel. A arma no seu colo. Sabia que ela apareceria. E não, não haveria sangue.

Vestiu as luvas com imperceptíveis movimentos e aguardou. Ouviu o barulho sobre o celofane que embalava a sobremesa, voltou-se rapidamente e, certeiro, disparou contra ela. Viu que estrebuchava quando tombou de barriga para cima. Se ela tinha um coração, naquele instante parou de bater. Fechou os olhos, respirou fundo e, depois de certificar-se de que estava tudo acabado, dirigiu-se até a área de serviço.

Pegou uma vassoura e a pá de lixo de cabo longo que comprara junto com a arma, e foi limpar o quarto.

Por fim, estava livre! Aquela maldita barata nunca mais o incomodaria!

 
*



 




 










 
 
 
 
 

 

Imagem: Via Google (Editada)

 
Marise Castro
Enviado por Marise Castro em 28/09/2022
Reeditado em 28/09/2022
Código do texto: T7616495
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