A suicida
— A Flavinha brigou com o namorado.
— De novo?
— É. Mas parece que dessa vez foi sério.
— Por quê?
— Ela se trancou no quarto. Tá chorando muito.
— Normal, isso passa.
(Minutos depois)
— Querido, tô preocupada.
— O que foi?
— Nossa filha não para de chorar e se recusa a abrir a porta.
— Já disse que é normal, deixa ela.
— Ela falou que vai se matar!
— Bobagem.
(Minutos depois)
— Homem de Deus, ela disse que tem uma faca!
— Deixa de ser besta. Nossa filha não é louca.
— Não é melhor a gente chamar um terapeuta?
— Esquece.
(Minutos depois)
— Querido! A Flavinha deu um grito, depois eu ouvi o som de uma queda!
— Tentou falar com ela?
— Tentei, mas ela não responde! Ai, minha nossa senhora…
— Para de chorar, mulher! Isso é só pra chamar a atenção.
— Não sei, não.
— Relaxa, relaxa.
(Uma hora depois)
— Que cara é essa?
— A nossa filha…
— Ela ainda tá falando que vai se matar?
— Não. Mas agora ela tá ouvindo Coldplay.
— Puta que pariu, me ajuda a arrombar a porta antes que ela faça uma besteira, rápido!