Natal em prosa e verso
Águida Hettwer
 
         Desejo que o Natal não fosse apenas uma época, onde o amor florescesse tão majestoso, que pudéssemos cultivar neste solo corações dispostos há amar o ano todo. As coisas materiais, a mesa farta, os preparativos, a ansiedade antecipada, o corre, corre, os amontoados das sacolas, fosse apenas conseqüências de vidas com significância. Pudéssemos nos fartar de compreensão, de nos amar como diz o mandamento; Como irmãos- de sangue ou afinidade, as mágoas fossem sanadas, assim como é sanado, as nossas falhas diante de Deus. Ás vezes pudera me colocar na pele daquele que tem frio, mas um frio de arrepio de abandono, de rejeição, negação e ruptura de relações, o deixado de lado, como é se sentir deixado de lado?- esquecido!
 
 
    As reuniões de família, não fossem meras utopias, pudéssemos guardar na alma, aquele velho riso inocente, olhar brilhante, como de criança recebendo um presente e partilhar sucessos, alegrias como antigamente. O sabor do Natal estivesse em nosso paladar continuamente, sem resquícios de amargura e se por obséquio houvesse ondulações, altos e baixos, fossem para nos firmar, como uma rocha, na arquitetura da existência. Sem nos deixar levar pelos ventos das tendências, tivéssemos centrado, em perfeita consciência, do que é certo, ou errado, na primazia da subjetividade humana.
 
 
  Nada nos impede de ter um olhar poético para a vida,  onde plantar uma árvore, desejar ter um filho, escrever um livro, mudando o rumo das histórias, alargando caminhos, aconchegando pessoas do lado esquerdo do peito, não seja apenas fantasia, mas uma fantasia permissiva de se sonhar e concretizar.  Ah os sonhos! Esses fossem permitidos não só nas semanas que antecedem o Natal. A magia contagiante que nos invade, pudesse adornar a alma, com a beleza dos sinceros gestos, em troca mútua de afetos, o Natal cantado em prosa e verso, hino de louvores de amor entre os homens.
     
 
22/12/2011