Tudo mudou... mas o Natal continuou...

Aparecida... uma senhora muito doente, contava suas historias toda manhã, sentada na calçada... para as suas adoradas crianças... filhas de seus vizinhos. Tinha um sonho, espremido no peito, que era ver o natal com neve, muita neve como nos filmes que via... Mas sabia. Dificil seria...

Para piorar sua situação, não apenas lhe faltava o dinheiro, a familia que ja lhe havia abandonado, como também... todos os seus vizinhos proibiram as crianças de visitá-la... O que deixou-a totalmente isolada.

No inicio de dezembro, Aparecida sofreu um derrame e ficou com seu lado direito paralizado... Sua casa não pode ser limpa...

Todos que passavam por ali, achavam que ela havia desaparecido ou mesmo falecido... simplesmente porque lhe faltavam as forças para caminhar e ver as pessoas, que a muito tempo, lhe odiavam sem motivos.

Ao faltar uma semana para o Natal, Dona Aparecida conversou escondida com uma das belas crianças, suas amigas, e disse.

- filha, eu vou falar para o papai noel te dar uma bicicleta. Você quer?...

- Quero vovó, mas como você vai falar com ele? Você o conhece?

-Ainda não, filha... mas sinto que em breve conhecerei...

Assim procedeu... Na vespera de Natal, quando toda a rua estava vazia, todas as luzes das casas acesas, em cada lar... sua alegria e uma ceia acontecia... no de Dona Aparecida... um vazio imenso reinava... eis que ela faleceu.

Sua dor.... era a de viver sabendo que a humanidade tinha se tornado tão cruel, mesquinha e egoista... sua verdadeira felicidade se realizava, ir para longe dali...

A viagem começou...

Aparecida pisou levemente e sentiu uma maciez em seus pés... as nuvens imitavam a neve... Um coral de anjos cantavam e entre eles um disse... Amiga, eis aqui seu sonho!

Ela... chorou de alegria.. como uma criança brincou nas nuvens... imaginando a neve...

Sem demora... virou-se para um arcanjo e disse...

- Tens contato com o Noel?

Ele sorriu... disse que sim...

- Por favor, mande rosas e bicicletas para todas aquelas crianças...

Na manhã de natal... em cada porta, de cada criança, havia uma bicicleta e uma rosa... e em cada rosa descobria-se não o seu perfume natural... mas o aroma da pobre senhora... Dona Aparecida.

Tudo mudou... Mas o Natal continuou...