O Perfume do meu Sertão- O Ladrão de gado e a Lavadeira.

Sexto capítulo

"Estou andando em uma corda, quando o vento sopra ela balança vertiginosamente...

Tento atravessar desesperadamente para o outro prédio, onde penso encontrar o meu verdadeiro EU.

Mas quem sou EU?

Olho para trás e vejo o outro prédio... Ardendo em chamas!

Desmoronando em pedaços!

A sua estrutura que acreditei ser firme, se contorce por causa do calor intenso desse incêndio... Percebo logo que esses pedaços nunca mais serão refeitos, como eram antes!"

O fazendeiro João Miguel espuma de raiva e queria saber, quem teve a coragem de entrar em suas terras, e ainda por cima roubar a sua melhor vaca leiteira.

João Miguel: Indícios... Indícios!

Eu quero esse meliante morto!! Não quero saber de indícios.

Ataulfo: O senhor se aquete.. Que aqui nesta cidade, ninguém faz justiça com as próprias mãos!

Vamos investigar o caso deste roubo, e averiguar se este tem ligações com outros roubos de gado, que andam acontecendo nos arredores da cidade!

João Miguel: Pois o senhor averigua rápido!! Que minha paciência e curta...

E quando explode.. Sai morte!

Ataulfo: Fique sossegado Senhor Miguel... Hoje mesmo eu e meu guarda, vamos fazer uma varredura nas suas terras e investigar se o ladrão deixou alguma pista!

João Miguel: Bom mesmo... Bom mesmo delegado!!

Emílio: Enquanto eu patrão!? Como eu fico nessa história?

O coitado do capataz estava morrendo de preocupação, não podia perder o emprego... Sustentava a sua mãezinha doente.

Ataulfo: Senhor Miguel.. Reflita!

O coitado foi vítima neste caso, e pelo jeito não pode perder o emprego.

João Miguel: Vou lidar só mais um voto de confiança.. Seu verme!!

Só por ter um coração de manteiga... Mas se falhar de novo, lhe corto as partes!

Emílio fez uma cara de espanto, imaginando a cena deplorável... Cruz credo!!

A delegacia pegava fogo com o caso do roubo da vaca, enquanto isso, longe da cidade de Rio pequeno... Passando as serras, passando as planícies verdes... Pra lá do grande rio que corria desenfreadamente, estava cavalgando o ladrão de gado.

Seu cavalo estava exausto pela grande viagem, e o homem insistia para o animal galopar mais rápido, com medo de ser pego pela polícia ou por algum fazendeiro local. O coitado do cavalo puxava as três vacas que também estavam exaustas, uma delas e Dalila!

Logo no horizonte, o criminoso avista o rancho do comprador de gado Vladimir Ferreira. Parou na porta do rancho com a encomenda e gritou pelo amigo.

Fausto: Vladimir!! Oh Vladimir!

O homem com a sua cara com uma enorme cicatriz, aparece na porta e parece descontente ao ver a quantidade de vacas que Fausto roubou.

Vladimir: Você tem coragem de me aparecer só com isso!?

Fausto: E o que deu chefe...

Os fazendeiros da região estão espertos com nossos roubos!

Investiram com tudo na segurança, assim ta difícil!!

Vladimir: Eu pago pra você ser inteligente, esperto...

Está me saindo de um belo bunda mole!

Fausto: Na próxima semana eu prometo que te trago um número considerável!

Cadê a minha comissão!?

O patrão tira um bolo de dinheiro do bolso e começa a contar as notas, e coloca algumas poucas na mão de Fausto.

Fausto: Mas só isso!?

Vladimir: Na próxima semana eu prometo lhe dar mais! Hahaha!!

O ladrão fica com a cara fechada e coloca o dinheiro dentro de sua bolsa de couro, monta em seu cavalo e sai em disparada.

Depois das grandes serras ao Norte corria um braço do belo rio de Piranhas, na margem esquerda dessas águas, apinhavam-se várias lavadeiras.. Cantavam para deixar o dia mais alegre e esquecer a dureza do trabalho. Em meio a essas lavadeiras estava Jacinta, uma mulher batalhadora que era uma lavadeira de mão cheia. Era casada com Fausto e estava esperando uma criança, já com seus nove meses; mesmo com a barriga grande e pesada, a mulher ia trabalhar com muito gosto.

Jacinta: Hoje estou tão feliz!!

Conversa com sua amiga Vitória enquanto esfrega uma camisa nas águas do rio.

Vitória: Porquê Já!?

Jacinta: O Fausto chega hoje do serviço!

Vou fazer uma comida bem gostosa pra ele...

Vitória: Ele trabalha do quê??

Jacinta: E caixeiro viajante.. Coitado!

A mulher não sabe da verdadeira profissão do marido, não desconfia pois tem um bom coração!

Vitória: Coitado.. Então nem para em cada né!?

Jacinta: Não...

Por isso que quando ele chega, eu faço de tudo pra agradar... Eu amo esse homem!

Vitória: Eu imagino... Pelo jeito que você fala dele.

Jacinta: E o homem da minha vida! E pai dessa criança que estou esperando!

Meu bebê!!

Vitoria: Tá pra ganhar... Você está esperando menino ou menina?

Jacinta: Há, uma bela princesinha!

Vai se chamar Milena!!

Vitória: E como sabe que e menina? A parteira falou??

Jacinta: Não, eu sempre quis uma menina.. Vai ser minha companheira e amiga!

Vitória: Eita! Mãe coruja!! Hahaha!

Jacinta: E muito bom saber que tem outro ser crescendo aqui dentro...

Não vejo a hora de ver o rostinho da minha filha!!

Terminando de lavar as últimas peças de roupa, Jacinta joga rapidamente tudo em uma trouxa e amarra forte pra não escapar nada. Se despede da amiga Vitória, coloca a trouxa na cabeça e sai caminhando em direção a estrada que leva a sua pequena casa. Chegando em casa, acende o fogo do pequeno fogão a lenha e coloca a água pra ferver, vai preparar a janta para o tão esperado marido.

Jacinta: Esse homem que não chega...

Nesse momento a moça sente a sua filha mexer e fica feliz! E logo escuta Fausto chamando do lado de fora.

Fausto: Jacinta! Oh mulher... Cheguei!!

Jacinta: Vamos ver seu pai filha??

A moça sai devagar da pequena porta da casa e abraça o marido, agradecendo por ter voltado a salvo!

Jacinta: Fiquei tão preocupada com a sua demora...

Fausto: Ah mulher.. Sabe como e! Muitas encomendas.

Jacinta: Vamos entrar que estou preparando a janta pra você!!

O homem amarra o cavalo exausto na frente de sua casa, e entra com sua mulher, olhando para trás.. Com medo de estar sendo vigiado por alguém.