Uma Mente de Criança — Capítulo 1 – Parte 6

Princesa foi até uma cômoda e tirou de lá alguns papéis e uma caneta.

— Venha aqui — disse ela e o menino a obedeceu. — Assine neste espaço aqui.

Ela o entregou uma caneta. Ele fitou a fada com olhos sinceros, mas não fez nada.

— Nesse espaço aqui, é só assinar — falou ela apontando com o dedo indicador uma linha ao final da primeira das páginas da pilha.

O menino olhou para a caneta em sua mão. Não soube como segurá-la. Voltou o olhar novamente para a fada.

— Eu não sei escrever — disse ele de modo contido e envergonhado por ter que assumir que não sabia escrever.

— Não sabe? — se surpreendeu ela. — Deixe-me ver, então.

Ela abriu uma nova gaveta na cômoda e retirou um carimbo e uma pequena caixa de tinta para carimbos. Com algumas rápidas batidas na tinta, sujou o carimbo e depois o bateu com força sobre a folha de papel. A página foi marcada com a palavra “analfabeto”.

— Agora me dê seu polegar — falou ela pegando a mãozinha delicada do menino. Separou o polegar dos outros dedos e o pressionou contra a espuma de tinta para carimbos. No local onde ele deveria ter assinado, ela apertou o dedo dele deixando a marca da digital. — Você deve fazer o mesmo nas páginas seguintes.

O pequeno a obedeceu. Com dificuldade ele virou página por página e as marcou com o polegar. Por fim, a fada conferiu cada digital e depois pegou um grampeador e grampeou todas as folhas num único bloco.

— Agora sim está tudo certo — disse a fada com um sorriso igual ao de uma atendente de loja de roupas que acaba de acompanhar seu cliente até o caixa.

O menino mantinha o olhar no dedo sujo de tinta, tocou-o com o indicador e o sujou também. A fada, então lhe entregou um lencinho úmido.

— Limpe seu dedo. Você já pode ir.

Rafael Marchesin
Enviado por Rafael Marchesin em 26/06/2014
Código do texto: T4859305
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