O Perfume do meu sertão- A riqueza é capaz de comprar o sossego? (Segunda parte)

11 Capítulo

O ladrão de gado ficou petrificado de tanta preocupação, o sol já estava alto e com isso queimava os poucos miolos que tinha dentro da cabeça.

Fausto olha para o céu e vê um carcará sobrevoando e vigiando sua aflição... não era bom sinal.

Vejam só o ladrão destemido e ganancioso, agora está preocupado com o bem estar da sua família, é bom sinal?

O vento soprava em direção ao seu rosto coberto de barba e de repente cai uma lágrima de seus olhos.

A cabeça de Fausto girava... girava... girava... nunca que tinha sentido esse aperto dentro do peito!

Em um instante lembrou do rosto da pobre mulher Jacinta.

Lembrou de seu sorriso de mulher guerreira e como ficava feliz de ver o marido de volta ao lar, são e salvo das intempéries do mundo. Pensou em como a mulher iria ficar abalada se soubesse de toda a verdade... não iria suportar!

Jacinta era moça honesta, ganhava o seu ralo dinheirinho, arrastando sua barriga grande de grávida e as trouxas de roupas em cima de sua cabeça para as margens do rio, lavando roupas e roupas pra fora... ela não iria aceitar!

E outro pensamento vêm a cabeça do bandido sem escrúpulos, uma lembrança de seu pai, outro criminoso.

Lembrou-se de suas palavras:

Nunca atreva-se a formar família! lugar de bandido é solto no mundo feito cão raivoso ou é na cadeia pagando seus pecados!!!

Fausto suspira olhando para o horizonte, tira seu chapéu de vaqueiro e limpa seu rosto. Naquela tarde ele iria ter que pedir socorro...

Sim! Sair de seu orgulho de bandido e pedir socorro à outro marginal!

O ladrão vai até a árvore, apanha suas botas e veste seu gibão, engole seco o orgulho que tanto lhe fez mal e sobe em seu cavalo.

Dispara em direção as serras cobertas de vegetação e vai até a sua suposta ajuda.

O cavalo corre junto com o vento que naquela tarde parece indomável, os olhos de Fausto estavam perdidos... certos do que estavam fazendo. Ao longe perto da próxima curva da estrada de cascalho se vê uma pequena casa de madeira, lugar familiar para o bandido e que lhe remetia a um passado muito distante.

Fausto salta do seu cavalo e fica parado observando a pequena casa de madeira, seus olhos que antes eram perdidos, agora ficam vermelhos de tanta dor e mágoa escondidas no peito.

O rapaz de trás ouve passos e sabe quem se aproxima.... os passos vêm em sua direção, bem perto e param! Ouve-se uma voz rouca de um velho.

Ora viva...

Não é que a ovelha novamente retorna ao rebanho!?