O Perfume do meu Sertão- O faroeste brasileiro.

12 Capítulo

" A vida da gente é feita de várias marcas... tatuagens que nelas estão escritas a nossa história!

Umas marcas são boas... outras são ruins, mas sem elas não dá pra lembrar quem somos e como foi formada a nossa identidade.

Não dá pra apagar com uma borracha, temos que conviver com elas e seguir em frente.

Se vivermos com mágoa dessas marcas e nos culpando pelos acontecimentos, nunca nos permitiremos viver novas experiências e aprender com os nossos erros!

A palavra certa é o perdão..."

Fausto ouve a voz rouca de um velho e aperta suas mãos com força, seus dentes travam de uma tal maneira parecendo esperar o ataque de um inimigo faminto. Então o bandido vira a sua face e vê a figura de um senhor com estatura mediana, com um chapéu de palha e cigarro na mão. A sua barba branca é longa, uma inconfundível cicatriz no lábio superior.

O rapaz muda de cor, fica totalmente vermelho de raiva e seus olhos observam o velho fixamente.

Fausto: José Augusto...

José Augusto: Não vai me abraçar, filhinho!?

O velho com uma cara de deboche, ergue os dois braços e faz a intenção de boas vindas.

Fausto: Abraço? O senhor está pedindo o meu abraço!?

Hahaha! Não tenho o costume de abraçar cobra peçonhenta.

José Augusto: Ué... veio aqui só pra me ofender? humilhar um velho doente?

Fausto: Olha só, o tempo passa e o senhor ainda continua com a mesma cara lavada! A minha vontade era de lhe meter uma bala no bucho!!!

José Augusto: Calma, calma filhinho... ainda guarda raiva daquilo que lhe fiz? Águas passadas não move moinhos!

Fausto: Tem ideia de quanto sofri naquele orfanato que fui jogado!?

Passei muita fome e frio! Comi até comida do chão pra sobreviver...

José Augusto: Nossa! É mesmo?

Fausto: Me humilharam muito, me batiam por nada! E o senhor onde tava pra me tirar de lá!? Acabei fugindo a tempo de me matarem lá dentro.

José Augusto: Você quer que eu diga o que?

Desculpa filho!!! Me arrependo de tudo o que fiz! Blá, blá, blá...

Quer saber de uma coisa, eu não me arrependo de nada do que fiz... se fiz é porque achava necessário!

Fausto: Ah! Não se arrepende!?

José Augusto: Não me arrependo! E fiz um favor pra você!!!

Essa provação que você passou serviu como aprendizado, e outra... não podia ficar com uma criança atrás de mim, iria me atrapalhar com o meu trabalho.

Fausto: Se eu cai nessa vida, foi por culpa do senhor!

José Augusto: Opa, opa, opa!!! não me culpe por suas escolhas, você está nessa vida porque é um safado! safado igual eu!!!

Bandidagem deve ser coisa de sangue... Hahahaha!!

Fausto começa a passar a mão em sua arma, esta cada vez mais nervoso. Ainda bem que um instante a razão se pôs em frente a emoção, e o fez lembrar o motivo daquela visita tão sacrificante.

Fausto: Seu velho pilantra! A sua sorte é que acabo de me lembrar o motivo da minha visita.

José Augusto: E qual seria, meu querido filho?

Fausto: Pelo inferno que o senhor transformou a minha vida, me deve muitos favores...

José Augusto: Não te devo nada, ao contrário... te ajudei a virar um homem de verdade!

Fausto: Cala a boca velho porco! seu infeliz!!! estou falando!

Bom, voltando ao assunto... como o senhor me deve! muito...

Quero lhe pedir uma ajuda.

José Augusto: Ora, ora... pra você engolir o seu orgulho e vim pedir a minha ajuda, é que deve estar em uma enrascada... e da grossa!

Fausto: A próxima vez que ouvir a sua voz, me interrompendo... eu lhe faço engolir os poucos dentes que tens...

A ajuda que peço na realidade é uma proteção. Quero que o senhor vigie junto com o seu bando, a minha família.

A polícia esta na minha sombra e alguns ladrões estão incomodados com toda essa agitação.

Pediram que eu fosse embora pra bem longe, mas agora minha mulher está pra parir, e não posso viajar com ela agora...

José Augusto: Há,há,há,há!!!! Não me faça rir!!!

Agora vou ter que servir de vigia de uma mulher grávida!?

Faça me o favor... o que eu te disse de arrumar família!!

A não... não mesmo! A cagada é sua, a família é sua e o problema é seu! Se vire pra consertar... Háhaha!!!

Fausto: Seu velho imundo!

Eu engulo o meu orgulho de macho, venho aqui lhe pedir um socorro, e tu... zombas de mim!?

Mas merece levar um balaço no meio das fuças!!!

Nesse instante Fausto saca rapidamente sua pistola e o velho faz o mesmo, formando uma cena memorável de um bom duelo de armas!

O céu escurece e um trovão explode no céu. As primeiras gotas de chuva começam a cair no solo e os dois bandidos se encaram fixamente, parecendo duas feras prestes a se pegarem no meio do sertão bravo.