A TERRA NÃO ESTÁ SÓ - capítulo 07 - REVELAÇÕES SURPREENDENTES

A comandante nos levou até o topo da espaçonave, onde havia gigantesco salão, cujas laterais e teto eram, totalmente, envidraçados, embora fosse um material vítreo diferenciado, que exibia o exterior, sem permitir ofuscamento de luzes ou outros tipos de raios que por ali penetrassem, filtrando e impedindo os efeitos nocivos que tivessem em nosso corpo.

Caberiam, facilmente, naquele enorme recinto, muitas milhares de pessoas, mas só nós quatro ali estávamos, admirando a vista espetacular, absorvendo a paz e o silêncio presente.

A um seu comando, parte do piso, que parecia algo entre carpete e grama, elevou-se, formando um pequeno círculo de perfeitos divãs, onde ela nos pediu para recostar.

- Como já lhes disse, em breve teremos centenas de seus iguais aqui embarcados, que virão como representantes de cada país do orbe terráqueo. Mesmo que tenhamos relegado aos governos essa escolha, só aceitaremos pessoas que se enquadrem num nível mínimo de sensibilidade e desprendimento dos valores materiais, cultivando ideais universalistas.

- Sinto decepcioná-la, mas creio que vá ser muito difícil que escolham pessoas assim.

- Por esse motivo desaprovaremos muitas opções, e se não houver substituição capaz, é possível que algum país fique sem representação, junto à Aliança. O governo de seu próprio país já nomeou outras pessoas, ainda que tivéssemos mencionado seus nomes, mais doutoras Cecília e Magda, que conhecerão em breve. Pretendemos que todos os cinco sejam nossos prepostos, atuando em locais e situações em que estamos impedidos de agir.

- Por que nós? Por que não podem agir? E as duas São Cecília Kunz e Magda Souza?

- Sim, são elas. Como podemos vasculhar o íntimo de todos, sabemos o quanto são confiáveis. Quanto à ação, lembrem que somos visitantes, e mesmo que queiramos ajudar e evitar que se destruam e prejudiquem seu planeta, temos de respeitar seu livre arbítrio. Porém, vocês cinco pertencem a este meio plantetário, e não estão sujeitos aos mesmo limites que nós outros, portanto, terão liberdade de utilizar o conhecimento e técnicas com que tencionamos capacitá-los, para tentar equilibrar o concerto de ações, que predomina hoje em seu mundo.

A partir daí, Kalewa passou a discorrer sobre a existência de outras forças alienígenas, não aliadas, que possuíam mais avanço tecnológico que os povos da Terra, mas estavam tão comprometidas com comportamentos antiéticos e menos nobres, quanto os terráqueos. Aliás, disse ela, alguns desses extraterrestres firmaram acordos com governos do orbe, recebendo autorização para trabalhar com minérios e escravizar pessoas, em troca de ceder tecnologia e parâmetros de identificação do todo universal contido neste sistema estelar.

Escutávamos estupefatos, pois mesmo que tivéssemos conhecimento de muitas teorias conspiratórias, acreditávamos que havia muito exagero e dramatização nos relatos.

Ela continuou, dizendo que tais alienígenas estavam enganando os humanos, cedendo apenas tecnologia deficiente e gerando intrigas entre governos, contatando uns e outros em suposto segredo, declarando, falsamente, intenções cooperativas e assegurando que caso um deles assumisse um poder global ou regional, dariam apoio e se manteriam em segundo plano.

O real intuito desses grupos seria manter o caos das relações humanas, o que facilitaria seu extrativismo mineral e suas pesquisas genéticas, feitas com as pessoas abduzidas. Como em seus sistemas originais não possuíam características sexuais, desejavam desenvolver uma raça híbrida, a partir do gen terrestre, que facilitasse a perpetuação de suas espécies, todas vindas de uma região próxima, cuja estrutura de forças fora abalada, comprometendo a vida em todos os planetas. As equipes que foram enviadas à Terra e outros quatro planetas, tinham como meta conseguir elementos geofísicos para a contrução de naves gigantescas, além de avançar nas pesquisas com raças humanóides, tentando evitar o fim de suas próprias raças.

Segundo Kalewa, havia muito mais a relatar, mas ela desejava que refletíssemos sobre o que já nos contara, porque nos devolveria aos nossos lares na superfície, aguardando alguns dias, até que nosso governo nos contatasse e nos apresentasse, formalmente. Disse pretender respeitar a soberania vigente com essa atitude. Se e quando retornássemos, voluntariamente, cientes do que nos aguardava, receberíamos toda a capacitação possível, para agirmos em nome da Aliança. Pediu que guardássemos sigilo do que nos fora apresentado.

- E se nosso governo insistir em não nos relacionar, não nos apresentar a vocês?

- Respeitaremos os trâmites formais, mas não comprometeremos nossas metas de ação por caprichos egóicos. Ultrapassado o limite adequado, agiremos por conta própria.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 05/02/2016
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