A TERRA NÃO ESTÁ SÓ - capítulo 12 - NO INTERIOR DO PLANETA

Fomos até o Ártico e presenciamos fenômeno fantástico. Enorme buraco, com cerca de trinta quilômetros ou mais de diâmetro, surgia e desaparecia, ciclicamente. Por ele penetramos, e detectamos a expectativa mental de André Gard, sobre a Terra ser oca, porém, sob a batuta orientadora de nosso guia, tomávamos ciência de que, predominantemente, todo o planeta é sólido, mas possui milhares de células ou bolsões, entre as rochas e o manto de magma. Na verdade, são dezenas de milhares, e tanto há as que contem óleo, gases, ar ou água, como também as vazias ou habitadas, pequenas ou enormes, contendo fauna e flora ou desérticas. A diversidade subterrânea compete com a da superfície.

Varios povos habitam as profundezas. Entre eles há extraterrestres, já desligados de sua origem, seres híbridos, derivados de experiências genéticas ancestrais, humanos com formas alteradas ou mutantes, outros mais parecidos conosco, além de agrupamentos ativos de visitantes, vivendo em parceria com alguns desses povos. Dá para encontrar gente pacífica em povoações simplórias ou adiantadas, porém, em contraposição, diversos povos são refratários ao contato com outros ou com humanos, tendo reações agressivas e até selvagens. Alguns ajudam extraterrestres e aquelas organizações obscuras, em suas empreitas estranhas. Entre todos os citados, ainda há núcleos organizados, que não têm intenções inamistosas, mas evitam humanos da superfície, por conta dos abusos que estes cometem contra o meio ambiente, que os afetam. Intrincada rede de relações, como na superfície.

Vimos uma rede gigantesca de cavernas ancestrais, percorrendo todo o orbe, em todas as latitudes e longitudes, em vários níveis de profundidade. Em algumas delas (poucas) há um veículo, se deslocando sem atrito, em grande velocidade, interligando comunidades amigas ou territórios de exploração e cultivo. Soubemos que seu nome é Vetor, e seu uso, recente.

Quanto mais profunda a existência da comunidade, maior a alteração morfológica de seus habitantes, e mais distantes também, seus costumes, linguajar e interação. Curioso notar que ar e pressão atmosférica variam, de forma controversa, a cada região ou bolsão, sendo possível encontrar pressão menor em sítios profundos e vice versa. No entanto, alterações na composição do ar e na pressão de cada local, interferem na morfologia dos habitantes.

Visitamos comunidade, cuja população e modo de vida guardam mínima semelhança com os núcleos urbanos a céu aberto. As pessoas exibiam cabelos muito claros e ralos, olhos quase transparentes, pele bem oleosa, pés grandes e pernas peludas (pelos claros), eram pequenos, com não mais de um metro e quarenta, talvez, e só usavam um tipo de bata, muito leve, cobrindo o corpo. De índole pacífica, nos receberam com alegria, e nos levaram até a líder comunitária, a mãe comunal, que também era a líder espiritual ou algo semelhante.

A mulher, de aparência simples e olhar profundo, parecia conhecer nosso orientador, ao cumprimentá-lo com um sorriso. Depois se dirigiu a nós, e não teve dificuldade em sintonizar nossas mentes, transmitindo mensagens amistosas e nos convidando a uma reflexão conjunta. Acompanhando nosso guia, sentamo-nos em volta dela, que fechou os olhos, estendeu as mãos e levitou. Sem que percebêssemos de pronto, também nos fez levitar, ao mesmo tempo em que nos deixou numa escuridão completa, onde seu corpo, que luzia e vibrava, era a única referência. Muita informação fluía de sua mente para nós, numa quantidade tal, que se fôssemos absorver de modo convencional, levaríamos séculos, provavelmente. Através desse processo, nos fez cientes de muitas ocorrências, venturosas e desventurosas, ocorridas ali e em outros sítios subterrâneos, ao longo de muitos milênios. Contatos com civlizações de outros orbes, da superfície e com os ... guardiões. A informação sobre estes últimos era nebulosa.

Antes que pudéssemos perguntar algo, saiu do transe e se despediu, sorrindo ainda.

Nosso orientador se incumbiu de preencher nossas mentes com informações novas.

Os guardiões seriam seres, humanos ou não, terráqueos ou visitantes, que não têm corpos físicos, por já não mais precisarem deles, vivendo em região dimensional sutil, adstrita e vizinha à física, onde vivemos. Possuem status mental e tecnológico avançado, ajudando a Aliança a preservar o equilíbrio de convivência entre os mais diversos povos, sem interferir no livre arbítrio dos mesmos. Controlam o trânsito de ingressos e egressos do plano físico, com o intuito de igualar as chances de aprendizado e progresso a todos, através das existências.

Era a primeira vez que nos defrontávamos com uma versão técnica ou científica, do que sempre fora tratado religiosamente. Um universo de descobertas se abria para nós.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 21/02/2016
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