A TERRA NÃO ESTÁ SÓ - capítulo 18 - UMA DERROTA INESPERADA

Encorajados pelo apoio concedido pelas forças da Aliança, avançamos para a refrega.

Tínhamos de desmobilizar, completamente, tanto os vinte e dois destacamentos, que tiveram suas armas inutilizadas, mas permaneceram incólumes, quanto o restante dos quartéis que foram atingidos pelos tremores que provocamos. Optamos por gerar campos de tão baixa indução eletromagnética, que à nossa simples aproximação iam todos caindo, desfalecidos, sem disposição, sequer para movimentação básica. Em seguida, contatamos comunidades dos subterrâneos, para que os atendessem nas necessidades elementares, até que estivéssemos cônscios do destino final de toda a gente comprometida com as operações negras.

Entre os atingidos por sismos, houve pequena parcela de mortes e ferimentos, mas não tivemos com evitar, dentro de nossas possibilidades imediatas, tal infortúnio. Agimos com estes da mesma forma, imobilizando-os e deixando-os aos cuidados dos subteraj (povo do subsolo).

Reunimo-nos em Tsaratanana, nos altos de Madagascar, e, embora fosse o começo da tarde, verificamos escuridão celeste incomum. Enquanto recebíamos informes mentais sobre a atividade dos milhares de companheiros de apoio aos nossos trabalhos, que se aplicavam na eliminação do rescaldo semi ativo de bancos, empresas e organizações associadas às frotas escuras ao redor do mundo, íamos percebendo alterações na exosfera, então decidimos subir e buscar o foco do distúrbio. Não tivemos de ir muito longe, porém.

Apesar das forças de imposição estarem dominadas em todo o planeta, e restarem só alguns renegados, espalhados por algumas regiões, ainda havia contingente significativo na Lua, sobre o qual pouco sabíamos, e, justamente, de lá detectamos o bombardeamento de áreas atmosféricas com elementos cristalizantes, pretendendo coibir os gases que produzem o espalhamento da luz solar e comprometendo a sustentação da vida, em várias regiões do orbe.

Não havia como conter tal ataque, a não ser oferecendo nossos próprios corpos, com a proteção de um campo que geramos, para receber quase a totalidade da irradiação. Pudemos empurrar o foco de incidência até o ponto de equilíbrio na gravisfera, onde a atração da Lua e da Terra se anulam, mas fomos cercados por naves alienígenas hostis, que passaram a atacar nosso campo, com arma fotônica desconhecida e poderosa. Agindo rapidamente, refratamos o bombardeamento recebido para as naves, que ficaram, momentaneamente, inoperantes. Sem perder um segundo, seguimos para a Lua, onde já nos esperavam milhares de combatentes, armados até os dentes, projetando, de armas portáteis, o mesmo feixe fotônico recém visto.

Nosso campo protetor não era suficiente para rebater, completamente, o poderio de tais armas, mas mesmo assim demos a cara pra bater e refratávamos a incidência, fazendo com que atingisse suas próprias bases lunares. Sabíamos que não iríamos aguentar muito tempo, mas a idéia era destruir o máximo de instalações possível. E estávamos conseguindo o intento.

Cansaço e dor foram os primeiros sinais de falência em nossa defesa pessoal.

Ainda conseguíamos provocar razoável destruição e desmobilização, apesar de parcial enfraquecimento, quando grande nave se aproximou, sem que percebêssemos, e nos envolveu num halo pulsante, que numa fração de segundo, em aparente implosão, nos desmobilizou.

Fui despertado por Jardel e Magda, e demorei a tomar ciência de que estávamos presos em uma estrutura de força indefinida. O grupo se pôs de pé e tentamos utilizar todas nossas habilidades, mas nada acontecia. Todas nossas tentativas foram em vão. Não conseguíamos sequer nos comunicar por via mental, e quando falávamos, as palavras saíam distorcidas.

Ainda examinávamos o ambiente, quando se projetaram figuras holográficas de vários representantes alienígenas, de diferentes origens e aparências, além de um humano fardado.

Examinávam-nos, andando entre nós, olhando de vários ângulos, e não podíamos fazer nada, além de acompanhar seus movimentos. Falavam entre si, mas não conseguíamos saber do que se tratava. Nossa capacidade linguística, entre outras, nos abandonara. Era possível, porém, compreender que não atinavam com o que éramos, de onde vínhamos, como logramos enfrentá-los e impor tanta perda material e humana. Não chegavam a uma conclusão.

Ao se desfazerem as imagens, imaginávamos tê-los confundido pra valer, mas enquanto tentávamos fazer sinais de interação, fomos atingidos por algo que nos fez desmaiar.

Acordamos em espécie de laboratório cirúrgico, onde pretendiam nos examinar.

Totalmente imobilizados, não oferecíamos resistência aos seus ímpetos de nos dissecar e tentar determinar nossa natureza e origem, além de nos descartar após, prazerosamente.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 13/03/2016
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