UMA LOURA À JANELA - 19

– Um morto. Alguém cravou uma faca num sujeito aí dentro. A vizinha encontrou-o morto na sala do apartamento onde morava, atraída pelo ruído de luta e gemidos que ouviu.

– Sabe o nome do morto?

– Não sei. Estamos aguardando a chegada do tenente O’Connor, da Homicídios. Ele já foi chamado.

– Creio que vou dar uma olhada. Conheço um sujeito que mora aqui... Preciso falar com ele...

O policial resmungou qualquer coisa, e James entrou no edifício e subiu até o terceiro andar. Havia um policial parado junto à porta do 301, o apartamento de Sanders.

– Sou James Todd, detetive particular e escritor. Seu colega lá embaixo disse que há um morto aqui – apresentou-se James.

– O dono desse apartamento foi assassinado – informou o policial. – Chamava-se John Sanders. A vizinha escutou sons de luta, veio ver o que era, viu a porta aberta e encontrou-o morto. Ela então nos chamou. Fechei a porta, para preservar o local.

– Esse tal de Sanders era alguém importante?

– Era repórter do Evening Star. Escrevia uma coluna de mexericos. Está colhendo material para um de seus próximos livros, sr. Todd? Já li todos eles. O que mais gostei é O Diabo Que Resolva! Tentei adivinhar quem era o assassino, mas não consegui.

– Cenários de crimes sempre acabam propiciando a nós, autores de histórias de Mistério, alguma ideia.

– O tenente O’ Connor já deve estar chegando. Se quiser esperá-lo, ele poderá deixá-lo entrar no apartamento da vítima, para que veja como trabalha os peritos.

– Infelizmente, terei de ir – desculpou-se James, que não tinha desejo algum de encontrar O’Connor naquele momento. – Mas essa nossa conversa já me propiciou elementos para escrever algumas páginas do meu novo livro.

* * *

Novamente dentro do carro, dirigindo-se para o seu escritório, James Todd pensava que as coisas naquele caso se complicavam cada vez mais.

Antes, tudo indicava que John Sanders era o assassino. Mas, agora, depois que ele fora assassinado, tudo mudava de figura.

James virou e revirou os fatos, enquanto dirigia através do tráfego do meio-dia. Parecia incrível que menos de doze horas houvessem se passado desde o malfado arranjo de divórcio que culminara no assassinato de Darrell Desmond.

Onde estaria aquela maldita câmera? Estava claro, pela cópia do filme que Verna Vale lhe mostrara, que o assassino desejava se apossar dela e do filme... Onde estaria também Mary Brown? Quem a teria raptado e amarrado e amordaçado Tommy Logan?

Gradualmente, o raciocínio levava James de volta à ideia que tivera antes de visitar Verna Vale.

Talvez a essa hora, Donald Folson já tivesse respondido ao seu telegrama. Se ele houvesse encontrado o que lhe fora pedido, pelo menos haveria prova de um motivo para o rapto e desaparecimento de Mary Brown e talvez uma pista que desvendaria todo o mistério.

continua na próxima sexta-feira

R F Lucchetti
Enviado por R F Lucchetti em 18/03/2016
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