A TERRA NÃO ESTÁ SÓ - capítulo 20 - O ARREBATAMENTO

As naves se posicionaram entre a Terra e a Lua, acionando, imediatamente, um campo de deflexão conjunto, que as protegia de qualquer ataque por projéteis, vez que os desviaria para alvos no planeta ou satélite natural, sem atingi-las ou danificá-las. Também enviaram pulso de enormes proporções, contendo, em pontuações ultra sonoras, mensagem agressiva, verdadeiro ultimato, exigindo a rendição imediata de todas as forças militares ou paramilitares do planeta, inclusive os cinco mutantes (nós) humanoides, sob pena de aniquilamento total.

Refletíamos sobre nossa capacidade de enfrentamento dessa frota, quando Jardel fez com que observássemos complementação da mensagem enviada, que exibia, sem sombra de dúvida, contagem regressiva, restando pouco mais de alguns minutos para chegar a zero.

Em torno do campo defletor das naves começou a se formar, de forma inequívoca, uma estranha singularidade, que parecia estar se desenvolvendo rapidamente, podendo vir a gerar perigo imenso, como um buraco negro, suficientemente poderoso para desestabilizar a região do cosmo onde estávamos, de maneira arrasadora. A ameaça era, aparentemente, imbatível.

Quedamos paralisados, sem saber como agir ou evitar a catástrofe em andamento.

Naquele exato momento, enquanto focávamos, intensamente, as naves e o fenômeno em formação, não vimos que em volta de toda a região, envolvendo o planeta e a Lua, estavam estacionadas, e se fizeram visíveis, gigantescas astronaves de todos os tamanhos e feitios, desde as que tinham alguns quilômetros de diâmetro, até as que rivalizavam com nosso satélite, em volume ou dimensões. Espetáculo grandioso, magnífico.

Imensurável campo defletor reverso partiu daquela gigantesca frota, reduzindo-se até envolver as seis naves e a singularidade que as circundava. Tão poderosa era a deflexão a submeter os agressores originais, que o evento em formação se extinguiu, naturalmente.

Poderosa, porém suave, voz de homem se fez ouvir (pelo que apuramos depois), tanto na Lua, quanto nas naves submetidas e no planeta Terra inteiro, em todos seus recantos.

- Irmãos viventes do planeta azul, por vocês denominado Terra. Em nome da Aliança dos Povos Emancipados da Galáxia, saudamos a todos, esclarecendo que viemos até vocês em paz, e ao longo dos próximos tempos estaremos em contato, para ajudá-los a conquistar maiores avanços tecnológicos, desde que haja, em contrapartida, justa equiparação de direitos e condições entre todos os habitantes do orbe, sem divisões de qualquer natureza.

Após baque surdo estranho, visualizávamos milhões de pontos se elevando ao espaço.

- Muitas organizações humanas têm se associado a inteligências extraterrestres, ao longo dos últimos séculos, visando objetivos menos dignos, e mesmo que tenhamos respeitado o princípio do livre arbítrio, até este momento, concluímos pela intervenção, ao detectarmos perigo extremo para essa humanidade, que já foi extinto. Todos que se dedicaram, de variadas formas a essa associação menos nobre, possuem registro protoplasmático característico em sua estrutura celular, e estão sendo arrebatados, neste momento, com a devida licença de Gaia e seus guardiões orbitais, para serem encaminhados a outras paragens siderais.

Era possível sentir o silêncio de estupor, que tomou conta de todos os humanos.

- Solicitamos que evitem temores ou pânico, em vista dessa providência, ainda incomum ao seu modo de vida, pois tudo será devidamente esclarecido, brevemente. Após a retirada do meio humano terreno, dos elementos perturbadores, haverá ambiente mais propício para que se realizem melhorias sociais entre os povos, tendendo ao universalismo e isonomia.

Enquanto minguavam os que seguiam, arrebatados, os agressores originais sitiados se foram, provavelmente, transportados para destino semelhante.

- Despedimo-nos de nossos irmãos, em nome da Aliança, desejando que redescubram a paz e a concórdia, em ambiente mais favorável, e avisamos aos governos que todas as armas nucleares, elétricas, eletrônicas, equipamentos e veículos militares, foram inutilizados. Todas as tentativas de os recriarem serão inúteis, e se isso for insuficiente, haverá maior restrição.

Poucos segundos após essa declaração, toda a imensa frota, simplesmente, sumiu.

Sobrevoamos a Lua e verificamos que não restava nenhum sinal de humanos, aliens, equipamentos ou instalações. A limpeza fora total e só ocorrera porque houve aquela tentativa grotesca e extremada de devastação cósmica. Os agressores cavaram a própria sepultura.

Despedimo-nos dos irmãos selenitas e nos dirigíamos para o planeta, quando avistamos a nave de Kalewa, que, mentalmente, nos convidava a embarcar. Anunciava boas novas.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 19/03/2016
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